sábado, 23 de junho de 2012

MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA: REALIDADE INCONTESTÁVEL

SHOW CULTURAL DA ALIENAÇÃO

Por José Facury Heluy (*)


Não se trata mais de um mistério, de tão estudada e propalada, não há mais nem como contesta-la, ou mesmo confronta-la, pois definitiva ela já se encontra inserida no nosso veio cultural como acionadora da ação e reação do comportamento pós moderno em todos os níveis do relacionamento humano. Estou falando da mídia, mais precisamente da televisada e das que compõem a rede internacional de informação. Nesse nosso contexto não se trata mais de veículos de comunicação simplesmente, se trata de uma força injetora de massificação cultural pretensamente unificadora, indelével e absolutamente sintônica (nada lhe escapa, independente de qualquer tipo de contexto). No meu ver, fica até difícil imaginar como serão as gerações futuras que a cada dia se tornam absolutamente dominadas e aculturadas nesse novo conceito assimilado e desenvolvido pela humanidade.

A “sociedade do espetáculo” começa a adentrar em nossos poros, tomando conta do nosso ser. Ela chega destituída de qualquer tipo de moral, ela é apartidária, apolítica e anticlerical, mas também pode ser oportunamente tudo isso desde que mantenha o seu poder de comunicar para influenciar. Esse poder pode transformar o anônimo em mito em um piscar de olhos e de novo retorná-lo ao anonimato, desde que saia do foco do produto vendável nessa sociedade do produto espetacularizado.

Inconseqüentemente, as artes teatrais, o cinema e os processos educacionais deixam-se manipular por esse tipo de conceito ou se portam indiferentes ao que ocorre, sem pelo menos, encara-lo como objeto de estudo. Seguem apenas reproduzindo-o e repassando aos seus públicos e aos seus alunos a plenipotência do paradigma alienante -, comportamento comum dos irresponsáveis negociadores do produto mercadológico. As universidades chegam ao ponto de criar cursos de especialização para atender a demanda consumista e mercadológica, seja lá do que for.

No mesmo paradigma, as igrejas que poderiam ser o lugar da reflexão da tradição e da busca da identidade mística do homem com o universo etéreo se proliferam como camundongos a roer as consciências e o poder da amplitude do pensamento dos seus fiéis, transformando-o em massa de manobra para a ânsia de potência dos seus pastores e bispos.

Temos que ter claro de uma vez por todas que a tecnologia da mídia é comprometida com o lucro. O seu objetivo sempre foi e será de promover a vitrine globalizante. A promoção continua da sociedade midiática, é imediata, ou seja, quer atrair a média social com os seus atrativos imediatos para que o consumam como produto. 
  
Como mediadora desse avassalamento cultural, as instituições públicas educacionais e culturais deveriam motivar e desenvolver ações que façam com que nossos jovens reflitam sobre esse mundo das aparências que a mídia injeta em suas cabeças. É o papel que ainda lhe resta, pois isso os arautos da mídia, visando o lucro, não o farão.

A arte, que sempre teve seus parâmetros baseados na aura, na autenticidade e no seu valor cultural, hoje quase que obriga ao artista a se revestir da auréola da telinha em sua cabeça; a sua autenticidade terá que dar a lugar às regras do mercado, se possível destituída de originalidade e no somatório final, como produto, o seu valor cultural é nenhum.

No Brasil inteiro, os processos educacionais não fazem nada para que os nossos alunos possam refletir sobre esse comportamento alienante que lhes é imposto no dia a dia. Nessa ausência pedagógica, eles acabam se portando como uma manada que consegue transformar em ídolo um simples participante eliminado de um bigbrother da vida, só porque a tevê assim o quis, enquanto isso a autenticidade expressiva do povo brasileiro vai pro brejo. Para nos precavermos das discrepâncias e dos saldos negativos gerados pelos avanços da mídia tecnológica, precisamos estar atentos para manusearmos a fibra ótica sobre a luz da fibra ética.


(*) Teatrólogo
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Fonte: Beth Michel Blog

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