À medida que o cometa C/2012 S1 ISON se aproxima da Terra, as especulações sobre seu tamanho, magnitude e risco potencial começam a crescer. Apesar de muitas dúvidas, o que se sabe é que o cometa poderá ser de fato o mais brilhante dos últimos tempos. Ou então, o maior fiasco.
Sempre que algum cometa ou asteroide é previsto a se aproximar bastante do Sol ou do nosso planeta, as especulações sobre sua origem, tamanho e risco de colisão começam a pipocar nos meios de comunicação. Foi assim com Ikeya-Seki, em 1965, Hale-Bopp em 1995, Kohoutek em 1975 ou mais recentemente com C/2006 P1 McNaught, em 2007 ou Elenin em 2011.
Recentemente, a descoberta do cometa C/2012 S1 ISON também ganhou bastante destaque na mídia virtual, principalmente por estar previsto que o objeto brilhará muito no final de 2013, com alguns modelos apontando valores absurdamente baixos de magnitudes negativas próximas a 18, o que em termos práticos significa um verdadeiro holofote no céu. (Apenas para lembrar, quanto menor um valor de magnitude, mais brilhante é o objeto).
A descoberta
O cometa C/2012 S1 ISON foi observado pela primeira vez através de imagens CCD registradas nos observatórios de Monte Lemmon e Panstarrs, nos EUA, entre 28 de dezembro de 2011 e 28 de janeiro de 2012, mas só teve sua órbita calculada a partir das observações feitas pelo astrônomo russo Artyom Novichonok e pelo seu colega Vitali Nevski, da Bielorússia, que utilizaram imagens feitas pelo telescópio robótico de 400 milímetros pertencente à rede ISON (International Scientific Optical Network), próximo à cidade de Kislovodsk, na Rússia.
A órbita de C/2012 S1 ISON é do tipo hiperbólica, portanto não é considerado como parte do Sistema Solar. Ao que tudo indica, o cometa teve origem na chamada nuvem de Oort, uma hipotética região do espaço localizada a 7.5 trihões de quilômetros (50 mil UA - unidades astronômicas), onde supostamente os cometas e asteroides se formam.
De acordo com alguns modelos matemáticos, a nuvem de Oort poderia abrigar entre um e cem bilhões de cometas, sendo a sua massa estimada em aproximadamente cinco vezes a da Terra.
Aproximação Máxima
Os primeiros cálculos feitos após a descoberta mostravam que o cometa C/2012 S1 ISON atingirá o periélio (menor distância do Sol) em 28 de Novembro de 2013, quando chegará a uma distância de apenas 1.8 milhões de quilômetros do centro da estrela, ou 1.1 milhão de km da sua superfície.
Os cálculos também mostraram que em 1 de outubro de 2013 o cometa passará a apenas 10 milhões de quilômetros do planeta Marte e em 26 de dezembro atingirá seu menor ponto de aproximação com a Terra, a 60 milhões de quilômetros de distância.
Apesar desses valores poderem sofrer pequenas correções, não há qualquer chance de C/2012 S1 ISON se chocar contra a Terra ou Marte, mas a grande aproximação com relação ao Sol poderá romper o cometa em diversos pedaços.
Tamanho e Brilho
Mesmo sem qualquer chance de colisão contra a Terra, o que chama a atenção deste cometa é sem dúvida a sua aproximação com o Sol, prevista para novembro de 2013.
Atualmente, C/2012 S1 ISON não passa de uma tênue luz que só pode ser vista com telescópios de grande porte, mas esse panorama deverá mudar na medida em que o Sol começar a aquecer o núcleo cometário e vaporizar o gelo que compõe a maior parte de sua estrutura, transformando-a em uma grande cabeleira e uma longa cauda soprada pela ação do vento solar.
Quando foi imageado pelo observatório Remanazacco, na Itália, em 22 de setembro de 2012, C/2012 S1 ISON estava a cerca de 6.547 AU, ou seja, 975 milhões de quilômetros da Terra. Na ocasião, os registros mostravam que a coma do cometa ocupava cerca de 5 segundos de arco na abóbada celeste, o equivalente a 23 mil km de diâmetro. No entanto, com a aproximação e consequente ação do Sol, esta coma deverá crescer muitas vezes e se tornar cada vez mais brilhante.
De acordo com alguns modelos de magnitude, o brilho de C/2012 S1 ISON poderá atingir até 19 magnitudes negativas. Isso é cerca de 4000 vezes o brilho que o cometa C/1965 S1 Ikeya-Seki apresentou em 1965 ou então 40 vezes o brilho da Lua Cheia.
No entanto, em uma projeção feita pelo Apolo11 usando o modelo SSD (Solar System Dynamics), da Nasa, a menor magnitude (maior brilho) alcançada foi de -11.64 magnitudes, a ser observado no dia 29 de dezembro de 2013. Apesar de ser uma diferença muito grande para outros modelos, ainda assim o brilho de C/2012 S1 ISON será quase três vezes maior que o do cometa Ikeya-Seki ou 25 vezes mais intenso que o do cometa C/2006 P1 McNaught, que chamou muito a atenção em 2007 e pode ser visto até mesmo durante o dia.
Cometas mais Brilhantes
Até hoje, o cometa mais brilhante já observado e que teve sua magnitude estimada foi C/1965 S1 Ikeya-Seki, que em 1965 foi visto à luz do dia ao brilhar com 10 magnitudes negativas. Depois dele foi a vez de C/2006 P1 McNaught, o segundo cometa mais brilhante já registrado. McNaught atingiu magnitude negativa de -5.5 e se tornou um show no céu de todo o mundo, inclusive no Brasil, onde também pode ser visto à luz do dia.
Halle-Bopp
C/1995 O1 Hale-Bopp, um dos cometas mais conhecidos de todos os tempos também brilhou forte e recebeu o título de Grande Cometa de 1997 ao se apresentar com magnitude de -0.8. A passagem de Hale-Bopp deu origem a muitas preocupações e receios já que nenhum cometa com magnitude tão baixa era visto há várias décadas. Na ocasião, membros de uma seita chamada Heaven's Gate cometeram suicídio em massa com medo de um grande nave extraterrestre que estaria acompanhando o cometa.
Dúvidas sobre C/2012 S1 ISON
Os cometas são astros bastante temperamentais e muito sujeitos ao calor e forças gravitacionais intensas, que podem atraí-los e parti-los em pedaços. No caso de C/2012 S1 ISON, as duvidas se concentram em saber como o cometa vai se comportar ante a ameaça do Sol, que em alguns meses já começará a aquecer o seu núcleo para depois atraí-lo.
Durante o período de aproximação máxima, C/2012 S1 ISON terá grande parte de seu material sublimado, o que resultará na formação de uma grande cabeleira criada pelos gases e pelo material cometário. Esse material será soprado para longe pela ação do vento solar, dando origem à chamada cauda do cometa.
Antes do periélio, o cometa poderá ser visto na constelação de Virgem próximo ao nascer do Sol, mas durante o periélio sua observação será praticamente impossível de ser feita à vista desarmada, já que estará a menos de 1 grau angular da estrela. Para vê-lo, os interessados deverão recorrer às imagens dos telescópios espaciais solares, especialmente o SOHO e SDO, cujas imagens estão disponíveis no Apolo11.
Se sobreviver à tórrida aproximação, C/2012 S1 ISON passará a ser visto no período que antecede o pôr-do-Sol durante vários dias. Seja como um grande e espetacular cometa ou como um grande e espetacular fiasco celeste. Só o tempo dirá.
Continue acompanhando!
Fotos: No topo, cometa C/2006 P1 McNaught visto no Rio de Janeiro em 19 de janeiro de 2007. Na ocasião da foto, feita pelo internauta Ivan Luís Tavares de Carvalho, o cometa tinha um brilho aparente de magnitude -1, dez mil vezes menos brilhante do que o previsto para 2013. Em seguida, imagem feita pelos astrônomos do Observatório Remanazacco, na Itália, mostram o cometa C/2012 S1 ISON com uma coma aparente de 5 segundos de arco a uma distancia de 975 milhões de quilômetros, o equivalente a cerca de 23 mil km de diâmetro. Acima, imagem registrada pelo astrônomo amador Rolando Ligustri apresenta o cometa C/2012 S1 ISON como um tênue objeto na constelação de Câncer.
Fonte: Apolo11
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