O respeito à fisiologia humana não pode ser considerado um tradição a ser esquecida,
é o atavismo básico que ancora os humanos à roda da vida.
Distanciá-lo dessa doce ou amarga realidade
é dar suporte a dor, ao sofrimento e a doença .
Isso tem sido feito por gente ruim, e muito gente boa...
Quando
procuramos na internet artigos sobre os problemas que são imputados à
frutose, poderemos ficar impressionados. Existe todo o tipo de
associação entre esse carboidrato com transtornos metabólicos.
Vamos tentar listar alguns mais relevantes
Muitos
estudos apontam para o fato da glicose regular a secreção de leptina
(um importante hormônio para a saciedade alimentar) uma vez que estimula
a liberação de insulina (ou seja, a leptina fica dependendo da
liberação desse último). Mas a frutose não representa um estímulo para a
liberação de insulina, logo não estimula a produção de leptina, isso,
obviamente, se transforma num fator de falta da provocação da saciedade.
Por outro lado alguns estudos apontam para o fato de que um consumo
crônico aumentado de frutose leva a uma resistência à leptina, que é
fator reconhecido de indução à obesidade. Finalmente, pode ainda induzir
à resistência a insulina, outro fator comprovadamente provocador da
síndrome metabólica e diabetes tipo II.
A frutose é
preferencialmente metabolizada para lipídios no fígado. Isso pode estar
associado a um aumento crônico nos triglicerídeos. Além disso, a frutose
tem um caminho bioquímico dentro do fígado que acaba num eventual
aumento de colesterol. O número cada vez maior de pessoas que se
descobrem com esteatose hepática (fígado gorduroso, descoberto em exames
de ecografia em pessoas que não tem hepatite e não tem problemas com o
álcool) também parece ser conseqüência da sobrecarga de frutose na
alimentação. Outros distúrbios do fígado como aumento de volume e certos
tipos de hepatite também parecem associados à frutose.
Adicionalmente
muitos estudos revelam que a frutose estimula um aumento do ácido
úrico; além das implicações do próprio aumento do ácido úrico, isso pode
levar a uma redução de Óxido Nitroso, um elemento químico fundamental
na fisiologia corporal. O óxido nitroso faz parte da fisiologia da
camada íntima dos vasos sangüíneos e controla a musculatura lisa das
artérias. Sua participação no controle da pressão arterial e da saúde
interna dos vasos é bastante documentada. Uma redução do óxido nitroso
pode participar da gênese da hipertensão e da doença cardiovascular.
Já
está estabelecido que a frutose aumenta as taxas de ácido úrico, de
forma aguda, como o álcool, pois o seu metabolismo consome fosfato de
alta energia do ATP no fígado, a transformação de ATP em AMP resulta na
produção terminal de ácido úrico. Desta forma, pode-se facilmente
raciocinar na implicação do consumo abusivo de açúcar (e frutose em
qualquer outra forma) na gota (um tipo de artrite que afeta mais os
homens e se caracteriza por inchaço doloroso e agudo de uma única
articulação, em uma crise). O próprio aumento do ácido úrico no sangue
pode significar estresse oxidativo e a instalação da síndrome
metabólica.
Outro hormônio recentemente descoberto também é
afetado pela frutose: a grelina (em inglês: GHRELIN, onde GHRe são as
iniciais de Grow Hormone Realese, ou seja liberador de hormônio do
crescimento). A grelina tem níveis reduzidos após uma refeição, mas se
mantém elevada com o consumo de frutose. Níveis elevados de grelina
também estão associados ao aumento de peso.
Esses fatos precisam
ser mais bem interpretados. No olhar convencional da mente medíocre, que
costuma moldar a média da ciência de mídia pop atual, parece que isso
representa apenas um problema ligado a frutose, como se a natureza
tivesse mal equipado o corpo humano a uma eventual “dádiva alimentar
divina”...
Não, não é assim. Temos que enxergar o processo ao
longo da história adaptativa da espécie humana. Nas estações do ano onde
haveria frutas e carboidrato com alguma abundância, essas qualidades da
frutose, ajustariam eventuais reservas de energia sob forma de gordura,
e mesmo colesterol, para tempos mais árduos nas estações mais frias ou
mais precárias em alimentos “fáceis”. Claro que as caçadas muitas vezes
representaram desafios adaptativos mais caros em consumo de energia para
comunidades de hominídeos que buscaram firmar a espécie nesse planeta.
Isso deve ter sido um fator poderoso de equilíbrio entre a fisiologia e
as eventuais facilidades alimentares ofertadas pela natureza ainda
distante do açoitamento ambiental dos futuros tempos agrícolas e
transformação antrópica do meio natural.
Mas a oferta de
carboidratos, sempre com frutose (50% da sacarose, o açúcar), mudou
bastante após a agricultura, e, finalmente, ganhou qualidades
especialmente perversas nos tempos recentes. Muitas pessoas tomam sucos
(adoçados) para matar a sede. Isso não guardou qualquer respeito à
fisiologia da espécie, além disso, muitas frutas deixaram de serem
frutas da estação, ou de um determinado espaço ecológico, para estar
sempre à venda em qualquer lugar do planeta. Além, é claro da frutose
usada como adoçante de uma ampla variedade de produtos para fins
alimentares. O assédio desmesurado das facilidades dos tempos em que o
açúcar desvirtuou completamente o padrão alimentar, com o suporte
oficial da inverossímil pirâmide alimentar, (cuja base é carboidratos,
mesmo aqueles que não costumam “dar”, estarem prontos, em árvores)
criminosamente apoiado por profissionais que se dizem promotores de
saúde, resultaram no maior ataque à saúde dos tempos atuais: epidemia de
obesidade e diabetes, associado é claro, a todo o tipo de distúrbio de
natureza metabólica como hipertensão, cardiopatia, mas pode ter relação
com problemas infantis de comportamento, quem sabe até mesmo com uma
piora da falta de controle do impulso agressivo e dificuldades de
aprendizado. Quem sabe seja mola propulsora dos problemas hormonais, e
quase certamente de muitos tipos de doenças degenerativas e câncer.
Um
prêmio à esperteza dos profissionais de saúde, que infelizmente não
costumam ter em sua formação disciplinas de antropologia e fisiologia
aplicada...
O pesado estímulo ao consumo cada vez maior de
carboidratos em substituição às proteínas e ácidos graxos naturais,
ofereceu como generoso presente a todos nós, bem ou mal intencionados
com os cuidados com a saúde, um “grande avanço social”: nunca tivemos
tanta gente obesa e com todas as conseqüências e problemas adicionais
ligados a um estímulo fisiológico para qual a espécie não foi projetada,
mesmo que muitas mentes “generosas” tenham imensa dificuldade em
aceitar tal fato, seja o seu profissional de saúde que lhe dá
orientações para dieta ou prevenção cardíaca, seja o seu guru de
alimentação espiritualizada...
Mas é a velha história, não há lugar mais cheio de gente bem intencionada... do que o inferno!
Curiosidades adicionais:
1) Segundo estudos basta 29,5 g de açúcar (sacarose= frutose+glicose) para matar um ratão.
2)
A sacarose (forma mais comum açúcar de cana) é uma molécula composta
por glicose e frutose. Ou seja, 50% do açúcar é frutose. (A lactose
também é uma molécula composta por dois hidratos de carbonos: galactose e
glicose).
3) Não existem carboidratos essenciais à vida humana.
Essenciais são componentes alimentares somente obtidos do meio ambiente:
existem apenas ácidos graxos (gorduras) e aminoácidos (proteínas)
essenciais. A razão singela para isso é que o corpo humano, através da
gliconeogênese produz a glicose necessária para gerar energia e suas
reservas orgânicas para uso mediato, como o glicogênio, a partir de
reservas de gordura corporal, principalmente. Há também vias metabólicas
que produzem todos os demais carboidratos necessários ao funcionamento
do organismo.
(Isso não funciona assim para os recém nascidos,
que recebem, através do leite materno galactose e glicose (na forma de
lactose), que para ele é essencial ao desenvolvimento do sistema nervoso
central, basicamente, porque o galactocerobrosideo é o glicolipideo
fundamental para a formação da mielina, a bainha de todos os neurônios,
que sem galactose não pode ser construída.)
4) Na natureza o
homem poderia consumir em torno de 3% de fontes calóricas com frutose.
Esse percentual subiu astronomicamente nos tempos atuais.
5)
Falar em “excesso” de consumo de açúcar ou frutose é uma expressão
imprecisa, pois parte do pressuposto que há uma faixa normal de consumo
nas sociedades industrializadas. É possível que diante das “facilidades”
alimentares a expressão “excesso” devesse ser substituída por “padrão”.
Pois, mesmo um modelo orientado por dietéticos, deve estar muito acima
do realmente natural, em termos de quantidades de carboidratos na
alimentação, aquela que o corpo humano possa estar acostumado a lidar. O
padrão atual é, em si, pernicioso.
QUEM TEM SEDE TOMA ÁGUA, QUEM TEM FOME TOMA SUCOS.
Consulte:
http://ajprenal.physiology.org/cgi/content/abstract/00140.2005v1
http://edrv.endojournals.org/cgi/content/abstract/30/1/96
http://jasn.asnjournals.org/cgi/content/full/17/12_suppl_3/S165
Fonte: Youtube
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