Um
artigo na edição desta semana da revista britânica The Economist diz que o
Brasil tem pontos fortes "reais", mas que o governo deveria "se preocupar mais
com as suas fraquezas".
Apesar de elogiar o desemprego baixo, o aumento
dos salários e o investimento estrangeiro direto batendo recordes, o artigo diz
que o governo é responsável por grande parte do "custo Brasil".
"A carga
de impostos não só subiu de 22% do PIB em 1988 para 36% hoje, mas o sistema
tributário é absurdamente complexo. A maior parte do dinheiro vai para
aposentadorias supergenerosas e para um pesado governo esbanjador, em vez de ser
transferida para os pobres", diz o texto.
Segundo a revista, a presidente
Dilma Rousseff vem trabalhando para lidar com alguns destes problemas - tentando
eliminar o déficit fiscal, cortando impostos para alguns setores da indústria e
apostando na modernização de aeroportos -, mas "seus esforços para baixar os
custos são tímidos demais; ela foi responsável pelo tolo novo regime
protecionista no setor de petróleo; e a impressão de que ela está preparada para
aceitar um crescimento abaixo de 4%", o que, para a publicação, afastaria
investimentos do Brasil, prejudicando seus eleitores mais pobres.
"Uma
taxa de crescimento de 3,5% pode parecer generosa para padrões ocidentais, mas
está abaixo tanto do que o Brasil precisa para dar continuidade aos recentes
ganhos sociais quanto do que poderia ser", diz o texto.
Investidores
estrangeiros
Uma outra reportagem sobre o Brasil publicada na mesma
edição da revista afirma que investidores estrangeiros e aqueles que os
aconselham demonstram uma abordagem nova e menos empolgada em relação ao
país.
Como um dos exemplos dessa nova abordagem, o artigo cita texto
recente de Ruchir Sharma, analista do Morgan Stanley, na revista Foreign
Affairs, no qual afirma que o Brasil subiu com os preços das commodities e irá
cair com eles.
Segundo a Economist, após ter conquistado estabilidade
macroeconômica e redução da desigualdade de renda e registrado uma recuperação
rápida da crise econômica mundial e crescimento de 7,5% em 2010, no ano passado
o país cresceu apenas 2,7%, abaixo dos outros Brics (Rússia, Índia, China e
África do Sul).
A revista diz ainda que são necessários "ganhos de
produtividade, mais poupança e investimento" para dar um novo impulso à economia
brasileira. "Mas não há sinal disso", diz o texto.
A reportagem cita a
recente desvalorização do real frente ao dólar e o fato de a taxa básica de
juros estar em 9% e com perspectivas de baixar ainda mais como "vitórias há
muito esperadas" pelo governo brasileiro.
"Nenhuma, porém, foi suficiente
para reverter uma recente mudança de clima contra o Brasil", diz o
texto.
Fraquezas
A revista diz também que, para alguns analistas,
"intervenções políticas suplantaram uma moeda supervalorizada como o maior risco
no Brasil", e menciona ainda o caso da nacionalização da YPF pela Argentina no
mês passado e o fato de o Brasil não ter criticado publicamente o
vizinho.
"Isso é arriscado", diz a revista. "O Brasil realmente é
diferente da Argentina, mas estrangeiros talvez não percebam isso."
A
reportagem cita ainda a recente ameaça de multas à Chevron e de prisão de seus
executivos, após um vazamento de óleo, que teria provocado questionamentos de
possíveis investidores sobre se no Brasil um deslize pode levar ao risco de ter
seu passaporte confiscado.
No entanto a revista conclui que, apesar dos
problemas e da previsão de crescimento modesto por alguns anos, há ainda muitas
oportunidades no Brasil, como nos setores de agribusiness e mineração.
Fonte: Aqui
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