A
mudança climática pode representar uma ameaça ao desempenho das fontes
renováveis de energia. Uma pesquisa de 2010 conduzida pela equipe de Roberto
Schaeffer, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que o
país pode perder 30% de sua produção de eletricidade até 2035, se as emissões
globais de carbono mantiverem as atuais tendências de alta.
Com base nos
dados disponíveis atualmente, o estudo projetou um cenário de mudança climática
para os próximos anos. A pesquisa calculou o efeito que essas mudanças teriam
sobre a geração de energia que usa o vento, o sol, a biomassa e, principalmente,
a força dos rios, principal fonte do Brasil.
Na projeção, o sertão
nordestino tende a se transformar em um deserto, a Amazônia perde espaço para o
cerrado e as chuvas adquirem um novo ciclo em várias regiões do
país.
"Esse novo padrão de chuva possível para o Brasil levaria a uma
situação de escassez hídrica nos momentos mais secos", explicou o pesquisador,
que mostrou os resultados da pesquisa no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação
para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
A queda se daria principalmente em
relação à energia "firme", que é a capacidade mínima que uma usina tem, mesmo no
pior período hidrológico.
A solução para o problema seria investir em
outras formas de geração e interligar os sistemas, para garantir a distribuição
de energia ao longo do ano. "Isso significaria, grosso modo, de agora até 2035,
investimentos adicionais da ordem de US$ 50 bilhões só para preparar o sistema
brasileiro para a mudança climática", apontou Schaeffer.
A diversificação
pode ser feita com outras fontes renováveis. O estudo também mostrou que, apesar
de prejudicar as hidrelétricas, a mudança climática até favoreceria a geração
eólica no Nordeste.
A produção de energia por fontes biológicas também
seria afetada. A cana de açúcar teria uma produção superior à atual caso o
planeta fosse "2 ou 3 graus" mais quente, segundo Schaeffer. Já a soja, muito
utilizada nas usinas termoelétricas a biomassa, teria um desempenho
pior.
Para a energia solar, o pesquisador não espera grandes alterações.
"A mudança climática pode vir a afetar um pouco o padrão de nuvens, mas, dado
que o potencial solar é tão grande, não é, eventualmente, alguma região mais
nublada que vai inviabilizar a energia solar", avaliou.
Fonte: Ambiente Brasil
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